Psicodélico é mais eficaz contra depressão que remédios, afirma estudo
Psilocibina, substância psicodélica encontrada em cogumelos, é estudada desde os anos 2000 como uma alternativa no combate à depressão.
Nos últimos anos, vários estudos têm mostrado que a psilocibina, uma substância psicodélica presente em cogumelos “mágicos”, pode ajudar no tratamento da depressão. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriram que o ingrediente pode ser até mais eficaz do que alguns antidepressivos tradicionais.
Os cientistas fizeram uma análise de estudos já publicados e bancos de dados para entender como a substância age no organismo de pacientes com a doença. No total, 436 pessoas com depressão foram acompanhadas, e os resultados foram publicados na revista científica BMJ na última quarta-feira, 01.
Os participantes receberam a psilocibina ou um placebo. Os níveis dos sintomas de depressão foram medidos antes e depois do tratamento, e a mudança positiva foi considerada maior do que a observada em medicamentos comparáveis.
Os pacientes que têm depressão secundária (que foi desencadeada por outra doença), idosos e indivíduos que já tinham usado a psilocibina anteriormente foram os maiores beneficiados pelo psicodélico.
Como os estudos eram muito diferentes, os cientistas consideram que as evidências ainda não são completamente sólidas e destacam que é importante continuar as pesquisas para entender exatamente como a psilocibina funciona contra a depressão.
Dificuldade de tratamento
A depressão é uma das doenças mentais mais prevalentes no mundo – estima-se que cerca de 300 milhões de pessoas sofram com a condição.
Apesar de existirem muitos medicamentos antidepressivos, eles não são eficazes para todos os pacientes e podem causar efeitos adversos, dificultando a aderência ao tratamento. Outro problema é a demora para o aparecimento dos efeitos, que podem surgir apenas sete semanas após o início do uso.
Desde o início dos anos 2000, a psilocibina vem sendo discutida como uma possível terapia contra a depressão. “O mecanismo de ação da substância é diferente de substâncias clássicas e pode melhorar a taxa de resposta do tratamento, diminuir o tempo da melhora dos sintomas e prevenir o relapso. Além disso, novos estudos mostram que a psilocibina tem baixo potencial viciante e toxicidade”, escrevem os cientistas no artigo publicado. Matéria do Metrópole.