Política

Dr. André Marques e Denize da Paróquia dão cara à nova oposição catuense

Com o térrmino das eleições gerais, a esquerda catuense amargou uma vitória de Pirro. Embora tenha vencido com Jerônimo Rodrigues (PT), o avanço de ACM Neto e de candidatos ao legislativo de direita sobre os votos catuenses marcam um novo momento eleitoral.

Por Jorge Andrade

Passado o período eleitoral, onde muitas emoções afloraram devido ao alto grau de acirramento da disputa. O Brasil, depois de décadas votando na esquerda, apresentou a sua face de direita. O fenômeno aconteceu não somente nas eleições presidenciais, onde Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) se digladiaram em busca do voto do eleitor brasileiro. Na Bahia, ACM Neto (UB) e Jerônimo Rodrigues (PT) travaram o duelo regional.

Findadas as eleições gerais, os olhos se voltam para os pleitos municipais que ocorreram em 2024. À sombra das mudanças ideológicas ocorridas no Brasil, novas forças surgiram e poderão desempenhar papel fundamental no próximo pleito.

Em Catu, cidade próxima a Salvador, capital da Bahia, a naturalidade do voto durante mais de 30 anos foi da esquerda, particularmente de partidos como o PT, PC do B e PSB. A cidade, que conta atualmente com cerca de 60 mil moradores, teve sua história econômica e social firmada sobre os esteios da indústria petrolífera que, no Brasil, tem bases sindicais fortes e voltada a ideologias socialistas ou comunistas.

Durante as décadas de 1990 e 2000, onde alcançou deu auge, o eleitorado catuense foi hegemonicamente de esquerda. Candidatos a cargo de deputado estadual e federal, ao senado e ao governo do estado, bem como a presidente, tinham no município um celeiro de votos. Em diversas eleições, partidos de esquerda conseguiram ampla votação nas urnas do município, embora isto não tenha se traduzido em progresso para o município que, com o recuo da indústria petroleira, encontra-se em situação complicada no que tange à geração de emprego e renda.

Anos Vermelhos

Em 2010, as eleições trouxeram para o embate o líder sindical Jaques Wagner e o radialista e agrônomo, Paulo Souto. Na realidade, era a segunda vez que este duelo se repetia. Em 2006, ano anterior a morte do ex-senador ACM, Souto havia sido derrotado. Nas urnas, em Catu, o sindicalista Jaques Wagner (PT) saiu com expressivos 20.573 votos, o que corresponderia a 80,3% do eleitorado. Paulo Souto (PFL) obteve apenas 1.692 votos ou 6,6% dos votos.

Passados quatro anos, o cenário se repetiu. O então governador do estado, Jaques Wagner (PT) apresentou seu candidato à sucessão, o quase desconhecido Rui Costa, que foram Secretário da Casa Civil de Wagner. A direita, insistiu em apresentar Paulo Souto e mais uma vez foi derrotado. Desta feita, Catu ofertou 11.640 votos a Rui Costa, cerca de 50,3%, e 8.376 eleitores votaram em Paulo Souto, aproximadamente, 35% dos votos.

Em 2018, sendo o município gerido pelo Partido dos Trabalhadores, Rui Costa, buscando sua reeleição, conseguiu impressionantes 82,58% dos votos e saiu das urnas catuenses com 20.680 dos votos válidos. Por sua vez, a direita com o ex-prefeito de Feira de Santana como candidato, obteve parcos 15,20%, 3.806 votos, e mais uma vez saiu derrotado das urnas catuenses, bem como na Bahia.

E, chegamos a 2022, com o cenário bastante modificado, tendo pela primeira vez em sua história um presidente com perfil de direita e uma esquerda que sairá bastante reduzida das urnas e 2018, quando sofreu derrota no cenário nacional e, em vários estados da federação, perdeu governadores e reduzido sobremaneira suas bancadas estaduais e também a federal.

Mesmo com as manobras judiciais que possibilitaram que Lula (PT) disputasse as eleições gerais, o acirramento e a divisão do eleitorado estava evidente. A disputa nos estados estava extremamente radicalizada e, nos municípios como Catu, os reflexos de gestões locais caóticas cobrava seu preço. É com este panorama que, pela primeira vez em 20 anos os candidatos de esquerda sofreram forte oposição e, tiveram que encarar uma drástica redução em seu eleitorado.

As urnas catuenses trouxeram à tona uma nova realidade. No Primeiro Turno, o candidato petista obteve 47.76% da preferência dos eleitores, 14.127 votos. ACM Neto (UB) amealhou 45,61% dos votos validos, ou seja, 13.491 eleitores foram às urnas em apoio ao ex-prefeito da capital. No Segundo Turno, o candidato Jerônimo Rodrigues (PT) não conseguiu repetir o fenômeno de Wagner e Rui Costa, que saiam do município com a maioria esmagadora dos votos. Foram 17.128 votos (54,30%) contra 14.415 votos do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto do União Brasil.

Mesmo vencendo a eleição, Jerônimo Rodrigues deixou um problema para a esquerda catuense. Após década de domínio absoluto do voto, os partidos de esquerda em Catu viram as urnas apresentarem um resultado rachado e, para piorar a situação, os números ainda trouxeram uma revelação dramática; para obter os resultados sofríveis, a esquerda em Catu precisou unir o ex-prefeito Gera Requião (PT) e o atual gestor, Pequeno Sales (PTB). O primeiro, distante do poder há pouco mais de dois anos, de onde apeou com aprovação superior a 80%, e o segundo, eleito em 2020, perdido em meio a promessas não realizadas e ser definição de metas para a readequação do município que agoniza em meio a uma forte crise gerada pela reformulação das estratégias de prospecção de petróleo implementadas pela Petrobras e, obrigatoriamente, seguidas por empresas prestadoras de serviço.

A nova direita catuense

Nomes como Dr. André e Denize da Paroquia já estão sedimentados no universo eleitoral catuense. O primeiro, médico e ex-vice prefeito, já exerceu cargos públicos, mas destaca-se pela sua atuação profissional junto à população mais carente. Denize da Paroquia, por seu turno, exercera um mandato de vereadora, mas tem em seu currículo um amplo histórico de trabalhos sociais e defesa de cidadão da terceira idade. Católica atuante, é ligada a trabalhos diocesanos que apontam para a caridade e auxilio. Estes nomes foram as âncoras que permitiram a junção de polos que se encontravam ausentes  do cenário político; a ex-prefeita Gilcina Carvalho, o ex-vereador Antônio Carlos Nego, juntamente com Guto Goés e Cézar Ribeiro empresários e profissionais liberais da cidade. Foram estes personagens que refundaram a direita em Catu.

Dr..André Marques e Acm Neto

Ao unirem forças em torno de ACM Neto, Dr. André e Denize da Paroquia, fizeram convergir para a campanha carlista praticamente 50% dos votos do eleitorado catuense. O detalhe que mais importa, além da união dos demais nomes, é total ausência de maquina pública municipal. Sem mandatos ou apoio oficial do atual gestor, contaram apenas com o sentimento de mudança que rasgou o país. Some-se a isto, a ampla penetração dos principais candidatos junto à população catuense.

Gupo da direita que fez a campanha de Acm Neto em Catu-Ba.

A força do movimento encabeçado por Dr. André e Denize da Paroquia não fez estrago apenas na votação majoritária. Na eleição proporcional pelas vagas federais, antes também dominada por candidatos de esquerda, Dr. André conseguiu 11.927 votos (40,81%) e o deputado federal Joseildo Ramos (PT) consegui 1.277 votos (4,37%). Outros candidatos, mesmo apoiados por voz maiúsculas da política local, não passaram dos 3,03% dos votos validos disputados. A tradicional deputada esquerdista, Lidice da Mata (PSB), obteve apenas 1,77% dos votos.

Klaus empresário em Catu tira a foto de Denize da Paróquia com O presidente do União Brasil Bahia e reeleito Deputado Federal Paulo Azi.

No empate pelas cadeiras estaduais, Denize da Paroquia liderou a votação, obtendo 15,65 dos votos, praticamente o dobro do petista Radiovaldo, que amealhou 9,27% dos votos.  Não houve mais petistas entre os dez mais votados para a Assembleia Legislativa da Bahia em Catu. Embora outros partidos da base do governo tenham sido votados, partidos de direita também pontuaram muito bem neste ranking.

Guto Goés e Nêgo- Presidente do União Brasil em Catu-Ba.

Esta reviravolta aponta para um cenário muito disputado no pleito municipal. O fortalecimento de nomes de direita, ou pelo menos de nomes que estão fora do espectro de esquerda, obriga uma readequação no tabuleiro partidário. Assim, surgem várias opções para escolha do eleitor. O que definirá os próximos passos será a manutenção da ‘aliança’ formada durante a disputa nacional. Caso isto se confirme, os possíveis candidatos ligados à esquerda terão maior dificuldade.

Destaque-se que, a mudança de perfil do eleitor não ocorreu de baixo para cima. Na realidade, o acesso a informação e a derrocada dos partidos de esquerda na eleição de 2018, foram ingredientes importantes para o restabelecimento da ideologia de direita ou de centro-direita no município. Alia-se a este detalhe, o precário desempenho do atual gestor municipal que, há mais de dois anos no cargo, ainda não conseguiu concretizar as promessas apresentadas durante a campanha ou, uma vez eleito, apresentar novos nortes para problemas vivenciados por grande parte da população. Face a inércia da gestão, é natural o fortalecimento de outras forças, nesta cena, o nome do ex-prefeito Gera Requião (PT) e no ex-vice prefeito Dr. André Marques despontam como caminhos naturais para sucessão.

Na mesma toada, a candidatura da ex-vereadora Denize da Paróquia se consolidou com viável para seu retorno ao legislativo ou, até mesmo, em uma composição de forças para uma candidatura majoritária. Outros nomes que já povoaram o arco de forças políticas do município, foram às urnas e de lá saíram derrotados ou com votação bem abaixo de suas expectativas.

No segundo turno na Bahia ficou assim: foram 4.300.989 votos para Jerônimo  (52,54% dos votos válidos), contra 3.893.161 votos (47,46% dos válidos) de Neto. Sendo que a principal estratégia do PT foi colocar figura de Jerónimo atrás da imagem Lula, fazendo com que o presidente eleito puxasse a votação favorável ao petista, que mesmo com um currículo não muito extenso a nível de experiência administrativa, levou a melhor pela eleição atípica e polarizada que se estabeleceu esse ano em todo país, com a  disputa Lula X Bolsonaro.

Contatado, Dr. André Marques destacou agradeceu o reconhecimento do trabalho realizado pela direita no município com votação significativa e pontuou:

“ As cidades que conhecem o trabalho de Acm Neto a votação foi expressiva, entre as 16 maiores cidades do estado, Acm ganhou em 10 destas,  Salvador inclusive  ele teve quase 450 mil votos de frente do segundo colocado  Jerônimo Rodrigues(P), que inclusive em nenhum momento, mesmo depois da disputa ter ido para o segundo turno, baixou a cabeça, mas foi pra cima, chamou a povo,  convocou a militância e o resultado foi uma campanha linda, mesmo o segundo colocado e sem mandato, abocanhou quase 4 milhões de votos, tonando a meu ver  uma disputa equilibrada, já que a votação se deu dessa forma mesmo com todo aparato partidário, apoio do governo do estado a  força do presidente eleito e um  número bastante conhecido (13). Sem falar na votação dos municípios pequenos que ainda são muito dependentes do governo do estado. Contudo, é hora avaliação, agradecimento a Deus, a democracia estabelecida no país e Acm Neto segue e eu como político, líder em Catu acredito que a estratégia traçada agora pelo líder nacional do União Brasil, será eleger mais prefeitos nas  próximas eleições municipais, é um cara novo, super preparado e que com certeza vai chegar a ser governador da Bahia num futuro breve. E ressaltando mais uma vez, agradeço a votação do povo catuense, e destaco que saímos fortalecidos desta disputa e vamos continuar caminhando.” Destacou André.

***Produção e Edição de texto de Donaire Verçosa.