Economia

Auxílio emergencial não é compra de votos e restrições não são castigo

O governo federal confirmou nesta terça-feira (1º) mais quatro parcelas do auxílio emergencial, agora no valor de R$ 300. A medida era esperada e coincide com o anúncio de que o Brasil entrou, oficialmente, em recessão, após dois trimestres de retração do PIB. Porém, o que mais incomoda nessa prorrogação não é uma questão política ou da cortina de fumaça da gestão de Jair Bolsonaro. É a forma simplista como essa extensão do auxílio será tratada pela esfera pública do debate. Não, o auxílio emergencial não é apenas a compra de apoio ou votos nas regiões mais pobres do país, especialmente o Norte e o Nordeste, como sempre fazem questão de frisar.

O auxílio emergencial é um projeto de transferência de renda. Com inúmeras falhas, desde as fraudes já identificadas até a forma como o governo escolheu para executar o pagamento. No entanto, é simplório demais tratar esses recursos apenas como papel-moeda. Sem a injeção dessas sucessivas parcelas na economia, o colapso social com a pandemia do novo coronavírus seria ainda maior. Foram cinco pagamentos de R$ 600, depois de o ministro Paulo Guedes tentar forçar um limite de R$ 200 em março. Agora, uma medida provisória com quatro novas parcelas deve passar sem dificuldades no Congresso Nacional, chegando ao meio termo desejado. E dificilmente o valor será diferente dos R$ 300 propostos.

Por mais que a ponta beneficiada pareça apenas a população em condição de vulnerabilidade econômica, toda a cadeia produtiva acabou beneficiada com o auxílio emergencial. A dicotomia proposta por Bolsonaro entre salvar vidas e salvar a economia parece ter gerado uma solução tampão: enquanto governos estaduais e prefeituras focaram nas medidas para evitar a disseminação do novo coronavírus, o auxílio federal gerou um fôlego na economia que evitou um caos ainda maior nas finanças do país.

Essa cadeia produtiva, cuja ponta do novelo é a população mais pobre, seguiu gerando um mínimo de “riqueza” mesmo durante a maior crise que se tem notícia. No entanto, se avaliarmos apenas do ponto de vista político, haverá quem diga que esse segmento da população resolveu aprovar o governo federal pelas “esmolas” dadas por meio do auxílio. Ou que Bolsonaro se aproveita da mesma lógica que o PT utilizou no passado, com o programa Bolsa Família criando uma relação de dependência entre o povo e o Estado brasileiro. Nenhum deles está exatamente errado. Porém é importante ressaltar que esses recursos públicos disponibilizados são o mínimo que os governantes poderiam fazer. 

Que bom que o governo federal ajudou o país com o auxílio emergencial. Que bom que os governadores e prefeitos ajudaram o país com as restrições. Em meio a tantas notícias ruins, ao menos isso podemos tirar de positivo: nessa pandemia, pela primeira vez em muitos anos, os gestores se uniram à ideia de quanto melhor, melhor.

Fonte: Agência Brasil.

Redação

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