Comunidade

O jovem catuense Ailton Davi filho de catadora de recicláveis traça trajetória

Conhecido pelos mais íntimos como Davi, por conta da sua estatura baixa, Ailton Pereira de apenas 21 anos tem ido contra as perspectivas do bairro onde sua família mora e vem escrevendo sua própria trajetória rumo a uma carreira profissional de sucesso

Por Donaire Verçosa

 

Desde criança Ailton Batista Pereira, popularmente conhecido como Davi, aprendeu a lidar desde pequeno, com a falta de alimento e com o desconforto de morar em uma casa pequena e de taipa com seus cinco irmãos. Filho de dona Maria Cecília dos Santos Batista (64) e Antônio Batista Pereira (58), o jovem é o caçula entre os irmãos.

Dona Maria teve 8 filhos sendo 6 vivos: Evani, Angélica, Antônia, Lucimar, Anselmo e Ailton. Criou todos com dinheiro das vendas de matérias recicláveis que recolhia nas ruas de Catu. Seu caçula conta que: “ vinhemos da   cidade de Teodoro Sampaio no distrito de Buracica/Ba, para tentar uma vida melhor em Catu. Mas lembro que a casa onde morávamos começou a cair e tivemos que passar um tempo na casa de uma irmã de minha mãe.”

Davi conta que após a casa ser reerguida voltaram para a morar lá, mas logo sua irmã Angélica o levou para morar com ela em Alagoinhas e a partir daí tudo mudou. “…eu era uma criança e não tinha uma referência de alguém alfabetizado em casa, ia para a escola, mas não com intuito de aprender de verdade, ia mais para brincar e passar o tempo. Quando passei a morar com minha irmã, seu esposo e os filhos deles, comecei a ser induzido a estudar pelos meus sobrinhos, que já estavam mais avançados nas séries. ”

 A família mora no Bairro de Santa Rita e a cerca de 8 anos foi contemplado por um projeto do governo do estado e recebeu uma casa na rua Paraná, conhecido popularmente como “as casinhas”. A mãe Maria, conta que antes chegou a morar por três anos no Colégio Ieda Góes (Rua Nova) junto com outras famílias desabrigadas depois de uma chuva que destruiu casas no bairro.

A catadora de recicláveis tem uma a única renda fixa que é a do bolsa família, no valor de R$ 85,00. Por conta de problemas nos pés provenientes da diabetes, não tem mais condições de trabalhar e recebe uma cesta básica da igreja que frequenta sempre que é possível ir. O que faz com que seu filho, Anselmo Batista Pereira (30), que está desempregado e faz bico como moto táxi, deseja um emprego formal com carteira assinada, para ajudar  melhor a mãe.

O jovem caçula da família Batista Pereira, persegue obstinadamente o seu sonho. Cursa medicina veterinária, no quarto semestre, na Universidade Federal do Oeste Baiano (UFOB), após ter sido aprovado mediante o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio ). “desde o início amigos da igreja a qual pertenço e do Instituto federal da Bahia(IFBA), me ajudaram a comprar a passagem para a cidade de Barra-Ba para fazer a matrícula. Lá consegui ficar alojado em uma escola técnica, com ajuda do diretorEzequias que me ajudou nos primeiros meses.”

“ …Um colega depois de um tempo na cidade, me chamou para dividir o aluguel com um grande amigo que fiz na cidade Marcelo Cândido Lôbo Rocha, nunca mais me esquecerei do que fez por mim a família Lôbo gratidão povoa o meu coração. ”

Ailton conta ainda que logo no primeiro semestre foi selecionado para participar de um projeto que tem por objetivo incentivar o estudante a realizar projetos na área de pesquisas cientificas. O apoio financeiro consiste em auxiliar o participante com uma bolsa de R$400,00 reais mensais durante 12 meses  para despesas como alimentação e moradia, já que a UFOB não dispõe de um alojamento ainda.

“A cada semestre que passa surge uma nova oportunidade de ser alguém na vida, de ter um futuro diferente. Colegas e professores são pessoas de mente abertas, sempre dispostos a ajudar, mas o que eu mais converso e sei que posso contar é o Professor e Doutor Marcelo Jorge Nascimento, um cara super do bem e tem a mesma fé que eu tenho: em Cristo.”

Marcelo fez questão de falar sobre o “pequeno Davi”: Acredito que Ailton tem tudo para ser um veterinário acima da média. Ele está entre os melhores alunos do campus… É uma pessoa batalhadora, centrada, questionadora, inteligente, amiga e até onde eu sei é amado e admirado por todos que o conhece. ”

O jovem Ailton é conhecido como Davi, desde que viveu uma experiência de conversão. Em uma reunião na casa do senhor José de Jesus, popularmente chamado de “Zuca conta: “ ele entregou sua vida para Cristo, como sempre foi pequeno, eu resolvi chamá-lo de Davi, porque como ele venceu Golias, você também vai vencer os seus gigantes. ”

Sobre os pais Ailton diz: “ foi e é um grande exemplo de pessoa, me ensinou a conquistar o “meu” e nunca colocar olho no que não me pertencia, só tenho a agradecer. Agora minha mãe é a minha rainha, louvo a Deus porque por ter me dado ela, sou eternamente grato. ”

Moradora do Bairro Santa Rita que tem altos índices de criminalidade e homicídios em Catu, dona Maria nos contou ter visto muitos jovens terem a vida ceifada por envolvimento com mundo das drogas: “ sou muito grata a Deus por ter sido diferente com Ailton ele é um menino muito determinado.

O “Davi de Catu” diz que sonha em voltar para cidade catuense que escolheu para viver, relembra que já foi para escola com saco plástico como mochila nas costas. Diz que seu maior desejo é ajudar os pais a terem uma vida melhor e as pessoas a trilharem um caminho para uma vida melhor com mais oportunidades.  

“ Eu descobri que neste mundo, nem sempre são os corredores mais velozes que ganham as corridas; nem os soldados mais valentes que ganham as batalhas. Notei ainda, que as pessoas mais sábias nem sempre têm o que comer e que as mais inteligentes nem sempre ficam ricas. Identifiquei também que as pessoas mais capazes, nem sempre alcançam altas posições. Tudo depende da sorte e da ocasião.”

 

Uma outra boa notícia para essa família e que a equipe do Catu Acontece traz, é que sua mãe dona Maria Cecília, estará completando 65 anos em dezembro e, pela lei pode dar entrada ao Benefício da Prestação Continuada(BPC), onde o cidadão recebe por mês o valor de um salário mínimo, sem direito a décimo terceiro e, assim ela poderá ter condições melhores de vida, principalmente para cuidar da saúde.

Donaire Verçosa

Dir. Jornalismo do Site Catu Acontece. Graduada e de família Catuense! Prezo pelo jornalismo imparcial.

Donaire Verçosa

Dir. Jornalismo do Site Catu Acontece. Graduada e de família Catuense! Prezo pelo jornalismo imparcial.

Site Protection is enabled by using WP Site Protector from Exattosoft.com