FISCAL, UM AUTÊNTICO REPRESENTANTE DO SAMBA EM CATU

Um século de existência do samba marcou a história de uma nação. O sambista Fiscal, destaca uma vida dedicada a um ritmo, que faz bater mais forte o coração de muitos brasileiros e lhe serve de inspiração até os dias de hoje

No dia 02 de dezembro, em todo o país é comemorado o dia do samba. O ritmo que é a marca do Brasil, principalmente turistas que vem para o carnaval desejando aprender um pouco desse remelexo brasileiro, também tem representante de renome em Catu: José Manoel dos Santos, conhecido como “Fiscal”, é um autêntico representante do samba de roda em Catu e região circunvizinha.

Com 72 anos, seu José  dar show, quando o assunto é pegar sua viola e alegrar os eventos com muita dança e cantoria. Atualmente, Fiscal como prefere ser chamado, mora na companhia dos seus filhos, Sueli Marins (41) e Nilvan Marins (30), no Bairro do Pioneiro. Foi casado com Dona Luzenilda Marins (63), mãe dos seus filhos, hoje são separados.

Nascido e criado na Zona Rural da cidade de São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador, o cantor e compositor, relembra que teve uma infância feliz e que era amante do campo e do futebol. Destaca: “sempre fui um homem de fazer amizades, durante minha juventude aproveitei muito e também ajudava meus pais.”

 Fiscal relembra com saudades os tempos de garoto: “ nos finais de semana,  jogava futebol, gostava muito das festas de sábado à noite, em que saíamos para namorar…(risos). Foi um tempo incrível.”

Em 1972, aos 28 anos, Fiscal mudou-se para o município de Catu, e a partir daí o samba começou a fazer parte de sua vida: “Em São Sebastião, não me ligava muito nesses negócios de música, só comecei a tocar mesmo, aqui em Catu. Me interessou, quando vi um amigo do meu pai, seu Avelino tocando viola. Daí meu pai comprou minha primeira viola, e comecei a aprender com ele”.

Com relação aos estudos, o cantor revela que estudou e completou apenas o ensino fundamental, mas garante que sente falta da sala de aula: ” por conta das poucas condições financeiras da família naquele tempo, não consegui terminar meus estudos.” Lamenta não ter alcançado o ensino médio e nem o superior e diz ter aptidão pelas áreas exatas, mesmo tendo estudado pouco diz ter domínio na matemática.

Com seu samba cativante, Fiscal revela que já recebeu propostas para tocar no exterior e deixa claro que as pessoas prestigiam o samba de roda que faz com sua equipe: “uma coisa eu posso dizer, ninguém fica parado .”

O sambista, catuense de coração, salienta que já tocou em cidades como: Inhambupe, Feira de Santana, Salvador, Alagoinhas, Camaçari, Mata de São João, Pojuca e no estado de Minas Gerais. Destaca a importância de um trabalho com uma equipe que é suporte para que ocorra tudo da melhor forma possível.

O artista tem dois CDs produzidos pela gravadora Clawilson e ressalta: a minha missão é levar alegria, diversão, e muita dança para as pessoas“. Nas apresentações além do tradicional samba de roda, tem o de viola e o forró.

O codinome Fiscal, surgiu durante um baba em Mata de São João: “tinha uma camarada que colocava apelido em todo mundo. Meus pais tinham uma casa de farinha na roça, e um rapaz que ia fiscalizar, ao vê-lo, as pessoas diziam que eu era parecido com ele, daí o nome”.

Trabalhando como tratorista de uma cerâmica, perdeu a visão em uma viagem ainda jovem. Um galho de goiabeira atingiu seu olho esquerdo e, com o passar dos anos, a visão direita também ficou comprometida, mas isso não tira a paixão e alegria de emitir as notas do ritmo histórico do Brasil.

Para os jovens amantes do ritmo, que querem optar pela carreira musical com o samba como parceiro, o também instrumentista Fiscal destaca: “ quem tem sonho precisa lutar para realizá-los, o samba de roda tem futuro sim, todas as esferas desse ritmo, são de uma origem simples e  transmite um sentimento de alegria… É o que precisamos nos dias de hoje”.