‘Eu bato na delegada da Deam’: policial que denunciou ex-marido por agressão cita deboche e certeza de impunidade
Coordenador do Departamento de Segurança do Tribunal Regional Federal, da 2ª Região, Carlos Eduardo da Costa responde a processo por estupro, injúria e violência psicológica contra a ex-companheira.
Segundo Juliana, as agressões que sofria eram praticadas dentro de casa, pelo então marido, o tenente-coronel Carlos Eduardo Almeida Alves Oliveira da Costa, da PM fluminense — atualmente, Carlos ocupa o cargo de coordenador do Departamento de Segurança Institucional do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região (Rio e Espírito Santo).
“Ele falava para mim: ‘Você está vendo? Eu bato na delegada da Deam. E o que você vai fazer? Você vai fazer o quê? Você é uma reles delegada de interior. E eu trabalho com diversos desembargadores. Você acha o quê? A sua palavra contra mim é o quê?’”, lembra Juliana Domingues.
O caso foi revelado no Fantástico deste domingo (1º). Juliana afirma ter apanhado de cinto e ter sido estuprada pelo marido.
Em 9 de agosto passado, a equipe de reportagem fez o primeiro contato com Carlos. Ele ouviu o pedido de entrevista, disse que ia conversar com o advogado e não retornou. Na sexta-feira passada (30), o g1 fez novo contato com o policial. Insistiu no sábado, mas não obteve resposta.
“Na época dos fatos, eu era delegada de Delegacia de Atendimento à Mulher. Eu já fui delegada de 3 unidades de Deams. Na época, eu era uma delegada de Deam. Então, isso me fez pensar muito. Antes, eu tinha vergonha, porque como que isso foi acontecer comigo? Eu sou uma delegada de Polícia. Eu trabalho com isso, e tudo isso aconteceu comigo”, conta a policial.
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou o tenente-coronel por estupro, injúria e violência psicológica contra a mulher. O processo está sob sigilo no Tribunal de Justiça do Rio. A primeira audiência sobre o caso está prevista para acontecer no próximo dia 17.
“Embora a vítima ache… eu achei isso, durante bastante tempo. Só que não é a sua culpa. Então, eu acho importante dividir a minha história, justamente porque eu sei que, infelizmente, muitas mulheres estão passando pelo que eu passei. E, na posição em que eu estava, mesmo assim, eu tive medo e vergonha. Então, eu sei que elas têm medo, que elas têm vergonha, que elas têm culpa. Mas, com a minha história, eu quero dizer para elas que elas não se sintam assim. Que existe ajuda, existe rede de apoio, e que elas têm que ter força de vontade para sair dessa situação”, revela a delegada. (Matéria: G1)