Catu celebra o segundo ano do Projeto Música Viva
Os alunos da Escola Municipal Gilberto Alves de Araújo reafirmam seus talentos musicais; usando a música como forma de protesto e incentivo à reflexão
Em seu segundo ano de implementação, o Projeto Música Viva, agita os alunos da rede municipal em Catu. Todas as escolas do Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano), que sejam da zona rural ou urbana do município, estão aptas a participar. O projeto consiste em conciliar arte e educação, promovendo competições musicais, afim de revelar novos talentos, e trabalhar temas sociais a partir da música.
Em sua primeira fase, os alunos das nove instituições participantes, são incentivados a compor músicas (que não contenham plágios), para apresentá-las em mini festivais internos. Nesse momento, cada escola deve selecionar três alunos que passarão para a segunda etapa do projeto. Os compositores também podem recorrer a outro aluno, para ser o interprete da composição.
A Escola Gilberto Alves de Araújo, participando pela primeira vez, promoveu na manhã de quinta-feira, 13 de setembro, o seu mini festival. Apoiado por todo o corpo discente e docente, o evento foi realizado com maestria, contando com decorações atraentes, lembranças personalizadas e jurados renomados no cenário musical do município.
Margareth Araújo, atual coordenadora pedagógica do local, se mostrou deveras entusiasmada com a ação, acreditando ferrenhamente no potencial de seus alunos. “O projeto, além do incentivo a novos artistas, também frisa a produção textual. As músicas foram entregues já completas, não fizemos reformas, por conta do grande desempenho dos alunos”.
Cinco dos sete inscritos se apresentaram no palco, para uma plateia numerosa e contagiante. As músicas abordaram temas como: racismo, desigualdade social, combate às drogas, juventude, desempenho escolar, namoro, entre outros. Os jurados se mostraram comovidos com o teor das letras, e afirmaram ter dificuldades para selecionar os candidatos.
Keu Guerra, músico (compositor e instrumentista) e membro do júri, se sente realizado com a implantação do Música Viva em Catu. “É um projeto que tem a valorizar, não só a classe estudantil, como também a cultura da cidade. É uma maneira, imprescindível, de fomentar a produção e estimular os novos talentos. E o ambiente mais propicio para que isso aconteça é na escola.”
Os três candidatos escolhidos – Israel do 6º ano, Henrique e Bruno ambos do 8º ano – concorrerão, juntamente com os finalistas das demais escola, à uma vaga entre os doze alunos que seguirão para a segunda fase. A Secretaria de Educação e Cultura, a partir de seu júri técnico, selecionará as doze músicas vencedoras, que farão parte de um CD. Na terceira etapa, os selecionados disputarão entre si, para arrematar o título municipal.
Bruno Soares, que ficou em primeiro lugar entre os selecionados de sua escola, surpreendeu o público presente, com a criticidade contida em sua letra musical, retratando o contexto social da vida em comunidades periféricas. Sua inspiração para compor surgiu a partir da observação e de sua vivência. “Coisas que vejo na cidade: a violência; as drogas ceifando nossos amigos. Então pensei em escrever sobre isso, e deu certo.”
Reportagem: Roger Beltrão
