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Amor de uma mãe catuense que superou o medo

A história de Daniela Leite, que diante do diagnóstico de espectro de autismo de um dos seus filhos, não se abateu e foi a luta pela inclusão social e superação dos sintomas, buscando no futuro uma evolução do espectro para uma melhor qualidade de vida

 

Daniela Cerqueira Leite (41), do lar e casada Gideon Souza Leite, os dois são pastores da Igreja MICE 12 que atua com foco em família, tem quatro filhos, Israel tem(15), Asafe que (11), Efraim(09) e Daniel(06).

Efraim nasceu no dia 29 de maio de 2007, uma criança saudável, cercado de amor e atenção, mas ao passar do tempo percebeu-se que ele não tinha as reações que uma criança de sua idade deveria ter. Era introspectivo e não respondia a nenhum pedido de atenção, a mãe conta que chegou a pensar que ele era surdo. Quando fez dois anos foi feito um teste de audição e reflexos para verificar se era esse mesmo o problema, onde constastou-se eram perfeitos. “Foi quando me chamaram a atenção para o Autismo, não conhecia quase nada sobre o assunto e eu fiquei muito assustada, pontua”

Aos 3 anos já com o diagnóstico de autismo leve dado pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Daniela procurou saber sobre o assunto, como era uma criança autista, suas limitações e principalmente de que forma poderia ajudá-lo. “Na APAE eles orientaram que Efraim iria passar por vários tipos de terapia, para se tornar uma criança com oportunidade de um futuro onde pudesse viver sem muitas reservas.”

“Comecei o tratamento com ele com neurologista e fonoaudiólogo. Mas o desenvolvimento dele só aconteceu depois que entendi que precisava incluí-lo no meio de crianças “normais” para que ele tivesse a oportunidade de trilhar o seu próprio caminho.   “Cada reportagem que eu lia me encorajava e enchia o meu coração de esperança e sonhos a respeito do futuro que ele poderia ter.”

“Lembro-me do primeiro ano de escola dele em uma festa de um coleguinha, passou a tarde toda no chão da sala brincando com um objeto.  Não tinha quem o tirasse de lá.”

A dona-de-casa conta que ao chegar para pegá-lo, Efraim ainda estava no chão. Todos olharam sem entender o porquê do menino insistir em ficar ali.  “Sempre fui muito verdadeira sobre a dificuldade que ele tinha com todos, e nunca deixei sair com ele para festa de aniversário, para os cultos da igreja, ou qualquer outro compromisso.  Sabia que a socialização faria muito bem para ele e consequentemente para toda família. Hoje a evolução de Efraim mostra que eu e os profissionais estávamos certos. ”

 

Segundo o neurocirurgião Dr. Siergfried Pimenta Kuenhnitsch (CRM19563), do Hospital Agnus Dei, “o autismo é a terceira mais comum desordem no desenvolvimento, ocorrendo em 40 a 130 casos por 100.000. O diagnóstico é clínico, baseado nos critérios clínicos. Os exames de neuroimagem e os estudos genéticos contribuem para afastar outras doenças. ”

Embora muito se tenha avançado, as causas do TEA (Transtorno do Espectro Autista) ainda é um grande mistério para a medicina. Não se sabe, por exemplo, por que o autismo é de três a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas. O que se sabe é que o autismo é um transtorno complexo, alguns portadores também têm epilepsia, outros, QI alto, enquanto outros tantos podem apresentar QI baixo, com diferentes genes envolvidos em cada caso.

“Até dois anos atrás, supunha-se que fatores genéticos seriam responsáveis por 90% das causas da doença. Estudos recentes mostraram que eles só conseguem explicar 50% da probabilidade de uma criança desenvolver o transtorno. De qualquer forma, o histórico familiar é muito importante e claro o diagnóstico precoce é vital para a evolução no desenvolvimento do autista, por isso o conselho é que aos primeiros sinais, procurar ajuda de um profissional como Daniela fez. ”

“ No caso de Efraim foi a introspecção e a falta comunicação verbal que chamou atenção, mas há várias sintomáticas, como por exemplo, dificuldades em aderir mudanças de rotinas, interesse exacerbado por determinados aspectos de um objeto, não se interessar por brincadeiras de interação social e principalmente com contato físico, o olhar distante (de 2 a 3 anos não faz contato com os olhos), movimentos motores repetitivos e estereotipados. ”

“A evolução de Efraim foi muito boa e conhecer outras famílias com situações semelhantes ou piores que a nossa, nos ajudou muito.  A escola Ágappe também foi essencial no desenvolvimento dele. Recebi muito apoio e um compromisso profissional de um ensino inclusivo para Efraim. E não posso deixar de falar da linda família que Deus me deu e também Igreja.”

 

“Depois de 04 meses de tratamento, Daniela conta que conseguiu ver mudanças e destaca o trabalho da APAE na construção desse processo. “ Na verdade, a terapia de Efraim começou dentro de casa com nossa conscientização e práticas diárias, com muita fé e esperança dada por Deus para prosseguir. Houve dias na terapia que ele nem olhava para a fonoaudióloga, mas acreditávamos que não era em vão e que Deus iria nos abençoar. Hoje ele consegue está em qualquer lugar e interage com bem com os irmãos e os coleguinhas.”

“Aconselho as mães que desconfiam que tem um filho autista, que não tenha medo, vergonha ou preconceito. Vença com o desejo de proporcionar um futuro melhor para seu filho. Gosto de uma frase do livro “Um abraço para os pais” de Emily Dickinson: “Não sabemos o quanto somos altos até que nos peçam para ficar de pé; e então, se formos exatamente como Deus planejou, nossa estatura atingirá os céus”.

 

” Acredito que todos os desafios de uma família devem ser encarados como um caminho preparado por Deus para os tornar melhores. Minha mensagem para as mães é que nunca desistam de ver a melhora do seu filho, foque nas pequenas vitórias do caminhar diário, então conseguirá ver Deus agindo nos pequenos detalhes.”

 

Donaire Verçosa

Dir. Jornalismo do Site Catu Acontece. Graduada e de família Catuense! Prezo pelo jornalismo imparcial.

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