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A pandemia tem contribuído para o aumento do transtorno de compulsão alimentar e mulheres são mais afetadas

Cansaço, irritabilidade, sono irregular, consumo exagerado de alimentos mesmo sem fome e excesso de peso, fazem parte da sua rotina durante a pandemia? Entenda o motivo e como tratar.

Se sim, esse pode ser um sinal de alerta. A ansiedade desencadeada pela falta de contato social pode levar a um desequilíbrio bioquímico e, instintivamente, a buscar por prazer imediato. “Diversas pesquisas recentes apontaram que com o isolamento social, houve um aumento do transtorno de compulsão alimentar”, explica a psicóloga Lívia Barcelos (CRP 03/12208), da Clínica Angioclam, em Lauro de Freitas.

Foto: Nutritotal/ Shutterstock

A psicóloga ainda relata que: “diante de uma ameaça, os seres humanos ficam ansiosos, essa é uma reação natural do corpo e para amenizar os sintomas, as pessoas acabam ingerindo alimentos ricos em gordura e açúcar, capazes de proporcionar uma sensação imediata de alívio. O problema é que essa sensação de prazer é curta e a frustração leva a ansiedade e isso se torna um ciclo sem fim”.

Lívia Barcelos.

 O transtorno de compulsão alimentar caracteriza-se por episódios de ingestão de alimentos em quantidades maiores do que o esperado em um espaço curto de tempo, acompanhados de uma sensação de falta de controle. “Nesses casos, o contexto é importante para considerar se a ingestão excessiva se dá por um transtorno ou é ocasional”, frisa Lívia Barcelos.

A fadiga social causada pelo longo isolamento social, o medo de ter a doença, perder a própria vida ou de alguma pessoa querida, o risco de desemprego e a falta de perspectiva para o fim da pandemia. Todos esses sentimentos podem impactar de forma bastante perigosa na saúde psicológica.

Mulheres são mais atingidas

Homens e mulheres podem apresentar compulsão alimentar, mas esse transtorno é mais comum em adolescentes e adultos do sexo feminino. E isso não está sendo diferente na pandemia.

“Em sua maioria as mulheres tiveram que lidar com os filhos e maridos dentro de casa por mais tempo, aumentando ainda mais o seu nível de estresse e ansiedade. Fora isso, as mulheres enfrentam uma cobrança social diferente dos homens em diversos aspectos e isso se soma às questões de cuidados com seus corpos. Todo esse quadro favorece que as mulheres possam apresentar transtornos de compulsão alimentar durante a pandemia”.

A compulsão alimentar pode ser instalada desde a infância. “O alimento é usado como demonstração de amor/afeto e também como estratégia calmante e compensatória, então desde cedo podemos estabelecer uma relação prejudicial com a comida e consequentemente usá-la no enfrentamento de sentimentos e sensações incômodas. Esse padrão pode se estender para adolescência por causa da crise identitária, característica dessa fase”.

No atual contexto, o transtorno alimentar mais comum é a compulsão alimentar, relacionada ao sobrepeso e, muitas vezes, à obesidade. Esta, por sua vez, é um dos fatores de risco para o agravamento da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus), levando à necessidade de hospitalização, assim como outras condições de risco associadas, como diabetes e hipertensão.

Dependendo do caso, o tratamento pode envolver o uso de medicamentos e atendimento psicoterápico por uma equipe multidisciplinar com psiquiatra, psicólogo e nutricionista.

Diante desse quadro, a psicóloga Lívia Barcelos aponta que: “esse ciclo precisa ser rompido com a inserção de outras atividades prazerosas na rotina, como: passar mais tempo em família, aprender um novo hobby, ouvir música, dançar, meditar. Devemos sempre procurar alternativas de prazer e sensação de bem-estar. Vale ressaltar que nesses casos a atividade física e a alimentação saudável são imprescindíveis no processo de regulação desses sintomas”.

Foto: GI/Getty Images

“Se para você está sendo difícil conseguir realizar atividades que antes eram tranquilas, aconselho com brevidade uma avaliação profissional. Você pode estar precisando de auxílio psicológico e psiquiátrico. Invista tempo em você e no seu bem-estar”, aconselha Lívia, que realiza atendimentos presenciais e on-line.

Redação

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