Moradora de Pernambués é eleita nova Deusa do Ébano do Ilê
Concurso coroou Dalila Santos de Oliveira, 20 anos, como a nova rainha do Ilê Aiyê. Governador do estado marcou presença e destacou a importância da festa do Ilê Aiyê.
Dalila Santos de Oliveira. Esse é o nome da nova Deusa do Ébano, que representará o bloco Ilê Aiyê no Carnaval de 2023. A escolha da representante do primeiro bloco afro do Brasil ocorreu na madrugada de sábado, 28, na 42º Noite da Beleza Negra, no bairro do Curuzu.
Com apenas 20 anos, a dançarina e coreógrafa, moradora do bairro de Pernambués, estreou no concurso este ano e já foi coroada como rainha. O pódio também contou com a estudante de jornalismo, Caroline Xavier, de 24 anos, no segundo lugar e a Larissa Valéria, de 28 anos, no terceiro lugar.
Em uma noite de casa cheia, também marcaram presença personalidades do mundo político e artístico.
“A Beleza Negra, além de uma festa cultural bonita do Ilê Aiyê, tem como destaque, a preocupação com a mulher. O papel da mulher em um cenário, em um lugar estratégico”, declarou Jerônimo. O governador reforçou a emoção de comparecer a esta noite festiva: “Não poderia deixar de participar desta celebração como uma forma de agradecimento e reconhecimento, mas revelando o meu compromisso com a cultura negra do estado da Bahia”. Enfatizou Jerônimo Rodrigues.

O centenário de Mãe Hilda Jitolu, líder espiritual do Ilê Aiyê, e uma das fundadoras do bloco foi celebrado com leitura de texto do ator Sulivã Bispo, com a representação do orixá Omolu, dono de significado profundo relacionado à vida e à morte. Já o herói angolano, Agostinho Neto, tema do bloco neste ano, foi representado pelo ator Diogo Lopes Filho. Outro homenagem realizada durante a noite foi à memória de Sérgio Roberto dos Santos, idealizador da Noite da Beleza Negra, que faleceu no último dia 22 de janeiro.
O secretário de Cultura do estado, Bruno Monteiro reforçou que a solenidade é um marco na história da cultura baiana. “Toda essa manifestação, é tão forte, tão tradicional, e até o surgimento dessa manifestação, as mulheres negras não tinham esse protagonismo. Então, é um evento muito importante por toda história que representa”. Ele lembrou o investimento do governo baiano na cultura negra: “A gente está aqui também celebrando a divulgação do edital Ouro Negro, que contou com um investimento recorde nos blocos afro, blocos de índigenas, em toda a cultura raiz, a cultura popular”.
Pioneirismo e tradição
De acordo com a secretária de Promoção da Igualdade Racial, ngela Guimarães, a celebração realizada pelo pelo bloco afro enaltece a conquista de todo um povo. “Uma noite de uma festa, a primeira no Brasil que exalta a representatividade, a beleza, que valoriza a autoestima das mulheres negras. Celebrar 42 anos, a longevidade dessa festa é dizer que o Ilê Aiyê sempre foi pioneiro, sempre apontou rumo, sempre abriu caminho, porque hoje a gente tem uma efervescência desse debate antiracista na agenda nacional e isso se deve a quem veio primeiro”, enfatizou.

O tema desta edição foi “Iroko é Liberdade – Um espetáculo para festejar o tempo”, e reverenciou a música e a cultura negra do Brasil. Para a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia, Fabya Reis, essa celebração representa “todo o fortalecimento da nossa cultura negra, da força das mulheres negras. Fazendo essa tradição com a ancestralidade, com a comunidade da Liberdade, e do bairro do Curuzu. Uma mensagem de liberdade, de igualdade, democracia e de toda a potência das mulheres negras”.
O idealizador da Noite da Beleza Negra, Sérgio Roberto, falecido no último dia 22, foi um dos homenageados da noite e passou a dar nomes aos troféus entregues às três primeiras colocadas. De modo simbólico, sua sobrinha e atual Secretária de Promoção da Igualdade Racial, Ângela Guimarães, além de jurada do concurso, entregou o prêmio a terceira colocada.