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Falta de vacinas Coronavac em Salvador; a verdade dos fatos

Atraso na entrega de insumos pela Sinovac prejudicou fabricação de mais de 4 milhões de doses do imunizante. Veículos de comunicação e Prefeitura de Salvador sabiam dessa informação.

A quarta-feira (28) chuvosa em Salvador foi testemunha da falta de coerência da maioria dos formadores de opinião e veículos de imprensa de Salvador e, por que não dizer, da Bahia. Na porta de um dos maiores e mais tradicionais centros de saúde da cidade de Salvador, o 5º Centro, como é conhecida a UBS Ramiro De Azevedo, centenas de idosos se aglomeravam em busca da segunda dose da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantã e parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, com a qual possui um contrato para fabricação do imunizante a partir de insumos enviados da China para o Brasil.


Em meio a protestos pela falta de informação sobre o cancelamento do agendamento para ministração do imunizante, idosos e idosas manifestavam indignação contra a Secretaria Municipal de Saúde que, segundo eles, não comunicou em tempo hábil a indisponibilidade das doses da Coronavac. A Secretaria de Saúde, por sua vez, alegava ter dificuldades para aplicar as doses de Coronavac devido à falta de coordenação do Ministério da Saúde que, segundo o Secretário Léo Prates, falhou no envio das doses do imunizante para os estados e municípios.


A fala do Secretário Municipal, entretanto, está eivada de desinformação e meias verdades. No mês de março, quando da posse do ministro Marcelo Queiroga, o Ministério da Saúde solicitou que os estados e municípios acelerassem a vacinação aplicando todas as doses disponíveis dos imunizantes distribuídos para a população. Tanto a Prefeitura de Salvador, quanto o Governo do Estado da Bahia afirmaram que não seguiriam a diretriz do Ministério da Saúde e, orientados por suas próprias diretrizes, seguiriam mantendo reservas das vacinas para segunda dose no público alvo. Fato amplamente divulgado pela imprensa local.


A afirmação de que falta vacinas Coronavac por uso imediato das doses reservas não se sustenta na realidade, no caso da Bahia e, principalmente de Salvador.
Não satisfeito, o Léo Prates afirmou que, seria de responsabilidade do Ministério da Saúde a falta da vacina Coronavac para a aplicação da segunda dose. Outro engano. Enquanto o secretário falava para a TV Itapoan, 5,2 Milhões de doses de vacinas estavam sendo distribuídas para estados e municípios brasileiro. Desse total, 5,1 Milhões de doses da Astra-Zeneca e, apenas 100 mil doses da CoronaVac fabricada pelo Butantã.
O que a imprensa baiana, em sua maioria, não questionou foi o fato do próprio Instituto Butantã ter declarado dois dias atrás que atrasaria a entrega de 4 milhões de doses da Coronavac por não ter recebido os insumos oriundos da Farmacêutica chinesa Sinovac. Vale ressaltar que, o Governo Brasileiro é cliente do Butantã sendo este o responsável pela entrega das doses, uma vez que foi contratado para tal. Fica a pergunta: A imprensa omitiu essa informação ou não sabia que o fato ocorreria?


Finalmente, a Pfizer-BioNTech


Além de entregar mais de 5 Milhões de doses dos imunizantes distribuídos nessa quinta-feira (29), o Brasil recebe o primeiro lote, com um milhão de doses, de vacinas da Pfizer-BioNTech, a chegada tem previsão de acontecer às 19 horas desta quinta-feira, 29, no aeroporto de Viracopos, em Campinas, no estado de São Paulo. Este primeiro lote será distribuído somente nas capitais por indicação do Ministério da Saúde (MS) por uma questão de logística, pela necessidade de refrigeração em temperaturas menores.


O resumo da ópera é simples, a falta de insumos da CovonaVac ocasionou quebra na cadeia de produção do Butantã que, por consequência, não conseguiu entregar os imunizantes contratados pelo Governo Brasileiro. Não há responsabilidade por parte do cliente, Ministério da Saúde pelo simples fato de que cabe a fornecedor ter estoque para cumprir seus contratos. Os motivos que levam o prefeito de Salvador, Bruno Reis – DEM , e o secretário de Saúde, Leo Prates – PTB, a omitirem tais informações só eles podem elucidar. Resta a impressão de que grande parte da imprensa padece de uma cegueira quanto a pesquisa de fatos ou é parcial. Nos dois casos, fica reforçada a desinformação quando ajudam a disseminar versões capengas sobre situações que atingem milhares de pessoas em um momento extremamente delicado.

Matéria é de Jorge Andrade, que é Jornalista e Especialista em Gestão Pública

Foto Capa: Diário de Pernambuco