Camila Marinho faz pôster em rede social após ela e a equipe da TV Bahia serem agredidos por seguranças e apoiadores de Bolsonaro
Um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão”, durante visita de Bolsonaro a áreas alagadas na Bahia. TV Globo repudia agressões.
Neste domingo (12), uma equipe da TV Bahia, afiliada da Globo, foi agredida em Itamaraju, por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, durante a visita dele à região atingida pela chuva no extremo sul do estado.
A repórter Camila Marinho e o cinegrafista Clériston Santana aguardavam o pouso do helicóptero do presidente no Estádio Municipal Juarez Barbosa. Ao descer do helicóptero, o presidente seguiu em direção à lateral do campo de futebol. Os repórteres da TV Bahia e da TV Aratu, afiliada do SBT, tentaram se aproximar para entrevistar Bolsonaro, mas a equipe de segurança que formava uma espécie de “paredão” agiu para impedir as duas equipes.
Um dos seguranças agarrou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão”. No tumulto, a imagem não pôde ser registrada. O presidente avançou e subiu na caçamba de uma camionete – ainda dentro do estádio. Outro segurança pessoal tentou impedir que os jornalistas erguessem os microfones em direção a Bolsonaro. Os microfones esbarraram no segurança, que disse que os repórteres estavam batendo nas costas dele.
A pochete da repórter Camila Marinho também foi arrancada por outro apoiador e depois recuperada pelo repórter de outra emissora.
A comitiva presidencial então seguiu para a sala de comando da operação, dentro de uma escola. As equipes de reportagem não acompanharam, para evitar novas confusões. Os jornalistas da TV Aratu Xico Lopes e Dário Cerqueira também tinham sido agredidos.
Somente então a assessoria de imprensa da Presidência chamou os repórteres dos dois veículos para dentro do local. Um dos integrantes da segurança pediu desculpas pelo que havia ocorrido no lado de fora.
Veja na íntegra o pôster que a repórter Colocou nas suas redes sociais e a repercussão pelos comentários, onde vários jornalistas se solidarizaram com a equipe: https://www.instagram.com/p/CXaJZnzsaZK/

STF
O Supremo Tribunal Federal foi acionado em novembro pela Rede Sustentabilidade para proibir o presidente Jair Bolsonaro de atacar ou incentivar ataques verbais ou físicos à imprensa e aos profissionais da área. O partido pede que o Supremo fixe o pagamento de multa de R$ 100 mil por ataque. A rede também pede que o STF determine à Presidência da República que elabore e apresente um plano de segurança para garantir a integridade dos profissionais que acompanham a rotina do presidente.
A ação foi apresentada após Bolsonaro tratar com hostilidade jornalistas brasileiros durante viagem a Roma, na Itália. Seguranças que estavam perto do presidente agrediram quem tentou fazer perguntas, entre eles o repórter Leonardo Monteiro, da TV Globo. O ministro Dias Toffoli enviou a ação para ser julgada pelo plenário do STF.
A Advocacia-Geral da União já se manifestou no processo e defendeu a rejeição da ação por questões processuais. O governo afirma que não é possível atribuir a autoridades episódios de hostilidade ou intimidações contra a imprensa. O governo diz ainda que a postura crítica de Bolsonaro à imprensa não ultrapassa os limites da liberdade de expressão.
O STF ainda aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República. O julgamento da ação ainda não tem data para ocorrer.
A TV Globo divulgou a seguinte nota:
As agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o Ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito inscrito na Constituição e deve ter a sua segurança garantida.
As cenas bárbaras deste domingo e aquelas ocorridas na Itália, no dia 31 de outubro, ensejam duas constatações. Se os seguranças agem por contra própria, a Presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superiores, a Presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas.
O ocorrido ainda foi pauta dos jornais da emissora nesta segunda-feira (13), que destacou a indignação e repúdio da emissora, pelos atos cometidos contra os profissionais da comunicação, além de ampla repercussão nacional, chegando a ser noticiado na edição do Fantástico deste domingo.
*** Com informações do G1.