ANA MARIA PINTO E O SEU LEGADO DE 40 ANOS NA EDUCAÇÃO EM CATU
Ana Maria foi empurrada a tornar-se professora pela família, porém não imaginava que deixaria em Catu um legado na educação perpetuado por gerações
Por Donaire Verçosa
Ana Maria Pinto de Souza (78), fundadora de um dos colégios mais tradicionais da cidade na década de 60,o Nossa Senhora de Fátima, nasceu em 1938. Filha de Antônio da Luz Pinto e Antonieta dos Santos Pinto,conta que o pai era funcionário público e a mãe era do lar, como era típico da maioria das mulheres da sociedade da época.
Lembra que sempre morou na rua Doutor Joaquim Pires, junto com os irmãos que foram criados na mesma casa que mora até hoje. Eram quatro filhos:Antônio Matias (65) petroleiro, Maria Lúcia Pinto Ribeiro (professora) e Rosângela dos Santos Pinto, atualmente aposentada, mas que também trabalhou por muitos anos com Ana na escola.
As lembranças da infância se resumem as brincadeiras no quintal da casa e na porta, já que naquela época, a educação rígida não se permitia meninas caminharem livre e soltas pela rua, não era de bom tom.
Ana conta que a sua Tia Donana teve influência direta na sua escolha pelo magistério. Ela lembra que a tia falava sobre o desejo dela de ser enfermeira: “moça pobre tem que se formar para professora. ”
Apesar de ser uma coisa no primeiro momento imposta, a profissão lhe caiu como uma luva, diz Ana. E ainda destaca a influência, como da sua Madre Superiora, do colégio interno em que estudou, fez subir ao coração o desejo de abrir uma escola.
Incentivada por Eunice de Castro Sampaio, que tinha escola na época, uma escolinha denominada Cinderela, que estava fechando as portas naquele momento, sugeriu a Ana que abrisse outra para suprir a demanda e ela aceitou o desafio.
Era década de 60, quando no espaço cedido pelo pai, antigo Clube Social União, onde atualmente funciona a Casa da Cultura Antônio da Luz Pinto, começou a funcionar a chamada por todos“escolinha de Ana”.
“Primeiro funcionou de forma clandestina e a partir de 1981 obtivemos a liberação jurídica para funcionar. ” Ana diz que ficou cerca de 15 anos alugando casas, porque a escola cresceu e não dava mais para continuar no espaço do clube.
A professora conta que ficou um tempo maior onde atualmente é o Atacadão Vitoria, mas finalmente na década de 80 o colégio se estabeleceu definitivamente em prédio próprio na rua Benjamim Constant com tudo regularizado.
Construiu uma escola com 15 salas, biblioteca, almoxarifado, cantina e 11 banheiros.Foi um tempo de ascensão, chegamos a ter em torno de 500 alunos e no ano 2000 a situação estava estabilizada. Após essa fase veio a queda, o declínio por conta da concorrência e também por questões financeiras, muita inadimplência.
“De 2013 a 2015 percebi que era o momento de fechar, cheguei ao ponto do curso mais caro, o de segundo grau que custava trezentos e dez reais, mas nunca deixei de pagar um professor, cheguei até não colher o INSS para honrar esse compromisso. ”
Ana destacou que o magistério é tudo dentro da sua concepção de vida.“Uma satisfação grande ver alunos de diversas gerações estabelecidos profissionalmente, indivíduos que contribuem para uma sociedade melhor. ”
Dentre eles Hailton Sandes (médico), Dilson Júnior (oftalmo), Lisnmar Dantas (Gastro), Lucas Goés (odontológo) e Márcio Medeiros (advogado).
Neuzeny Sereno Barreto, que também foi aluna do Colégio Nossa Senhora de Fátima, hoje contadora formada desde de 1986, pela Universidade Católica do Salvador destacou: “muito mais que uma professora renomada de extrema importância na educação da sociedade catuense, um exemplo de vida, de vontade de viver e principalmente de ética. ”
A professora Ana Maria Pinto fez questão de pontuar:“para mim o passado tem o seu valor, não foi fácil, mas acredito que tudo valeu à pena, o sentimento de realização é maior do que o de frustração. ”

