Política

SAAEs da Bahia enfrentam estrangulamento por dívidas de energia; Radiovaldo propõe programa de eficiência

O Deputado estadual afirma que até 70% da receita de autarquias de água e esgoto é consumida pela conta de luz; casos em Alagoinhas, Catu e Itabuna ilustram quadro de crise.

Por Marvin Paim

Os cerca de 40 SAAEs que operam na Bahia vivem, de acordo com o deputado estadual Radiovaldo(PT), um cenário de “estrangulamento” provocado pelo peso da energia elétrica nas contas das autarquias e pela ausência de programas de eficiência energética. “Hoje, muitos SAAEs gastam entre 60% e 70% de toda a sua receita só com a conta de luz. É inviável manter serviços, fazer manutenção e investir com esse nível de comprometimento”, afirmou.

A avaliação foi apresentada após encontro, na semana passada, com representantes do SINDAE. De acordo com Radiovaldo, as dívidas com a Coelba se repetem em praticamente todas as autarquias — inclusive nas de maior porte, como Alagoinhas e Itabuna. Ele citou ainda episódio envolvendo o SAAE de Catu: “Houve perfuração de um poço, mas a ligação não ocorreu por conta de inadimplência. Quem perde é a população.”

Para enfrentar o problema, o parlamentar protocolou na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) pedido de audiência pública específica sobre a situação dos SAAEs e apresentou emenda visando criar condições para renegociação das dívidas em patamar “mais justo e sustentável”. “O SAAE não é indústria nem comércio. É um serviço essencial, patrimônio do município, que atende milhares de baianos. Precisamos de um plano que reorganize as autarquias, reduza custos com energia e recupere a capacidade de investimento”, disse.

Radiovaldo defende a implantação de um programa estadual de eficiência energética para as autarquias com diagnóstico de consumo, modernização de equipamentos eletromecânicos, automação, uso de tarifas e horários otimizados, além de fontes renováveis onde viável. “Sem esse passo, a bola de neve continua: não se para a dívida, não se liga novos sistemas e o abastecimento fica ameaçado”, concluiu.