Política

CNH sem autoescolas: Associação dos Detrans reage à proposta do governo federal de acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para tirar a CNH

A AND adotou um tom cauteloso, defendendo que o foco precisa ser na qualidade da formação, mas reconhecendo o elevado valor para obter a CNH no Brasil

Depois da Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) – a mais interessada no assunto por representar o setor -, agora é a Associação Nacional dos Detrans (AND) que reage à proposta do governo federal de acabar com a obrigatoriedade das aulas em autoescolas para a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

É fato que o posicionamento da AND não foi contrário, destacando, principalmente, que a proposta do Ministério dos Transportes (MTE) precisa ser discutida com especialistas e a sociedade organizada antes de qualquer outro passo. Mas não deixa de ser mais uma reação de quem entende sobre segurança viária no País ao projeto que está sendo apadrinhado pessoalmente pelo ministro dos Transportes, Renan Filho. A proposta, inclusive, aguarda aval do Palácio do Planalto, ou seja, do próprio presidente Lula.

A AND adotou um tom cauteloso, defendendo que o foco precisa ser na qualidade da formação, mas reconhecendo como um problema o elevado valor para obter a CNH atualmente no Brasil. Afirmou estar acompanhando de perto a intenção do governo e pede cautela, já que a proposta ainda não foi comunicada oficialmente.

A entidade também afirmou estar atuando em conjunto com os presidentes de todos os Departamentos Estaduais de Trânsito para conseguir uma agenda com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e com o ministro Renan Filho. O gesto seria para discutir o assunto “com a seriedade e profundidade que ele exige”.

Confira o posicionamento na íntegra:

“A Associação Nacional dos Detrans (AND) está acompanhando de perto as discussões relacionadas às possíveis mudanças no processo de formação de condutores, já anunciadas publicamente. Em conjunto com os presidentes de todos os Departamentos Estaduais de Trânsito, estamos articulando uma agenda com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e com o Ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar do tema com a seriedade e profundidade que ele exige.

Nosso principal foco nas tratativas é a valorização da educação para o trânsito. Em um país que ainda registra altos índices de condutores não habilitados, é fundamental que qualquer mudança preserve e reforce a qualidade da formação dos motoristas.

Além disso, é essencial que se busquem alternativas que tornem a obtenção da CNH mais acessível, considerando essa iniciativa como uma política social relevante, desde que não se comprometa a excelência no processo de aprendizagem.

Defendemos que a formação de condutores deve priorizar a segurança viária e contribuir efetivamente para a redução dos índices de sinistros e mortes no trânsito. “A educação no trânsito salva vidas e deve ser tratada como prioridade absoluta em qualquer política pública relacionada à mobilidade”, reforça Givaldo Vieira, presidente da AND”.

REAÇÕES À PROPOSTA DE FLEXIBILIZAÇÃO DA CNH

A entidade também afirmou estar atuando em conjunto com os presidentes de todos os Departamentos Estaduais de Trânsito para conseguir uma agenda com a Senatran e com o ministro Renan Filho – DIVULGAÇÃO

A proposta do Ministério dos Transporte de acabar com a obrigatoriedade das aulas em autoescolas para a emissão da CNH já provocou inúmeras reações contrárias. A primeira delas, como esperado, foi do setor de autoescolas e tem como base o aumento da insegurança viária que a medida poderá provocar num País que já mata 35 mil pessoas por ano no trânsito.

A Feneauto emitiu uma nota pública de repúdio contra a proposta do MTE de flexibilizar a exigência de formação teórica-técnica e de prática de direção veicular para a obtenção da CNH. A medida, que significaria o fim da obrigatoriedade das autoescolas, foi divulgada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em entrevistas pelo País nesta terça-feira (29/7), pegando a categoria de surpresa e gerando forte oposição de algumas entidades ligadas à formação de condutores e à segurança viária. (Portal JC UOL)